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Médica vira ré por homicídio culposo de paciente que ficou em estado vegetativo após superdosagem de remédio em Porto Alegre

Alexandre Moraes de Lara, de 28 anos, antes e depois de superdosagem em hospital de Porto Alegre Arquivo pessoal Uma médica acusada pelo homicídio culposo de ...

Médica vira ré por homicídio culposo de paciente que ficou em estado vegetativo após superdosagem de remédio em Porto Alegre
Médica vira ré por homicídio culposo de paciente que ficou em estado vegetativo após superdosagem de remédio em Porto Alegre (Foto: Reprodução)

Alexandre Moraes de Lara, de 28 anos, antes e depois de superdosagem em hospital de Porto Alegre Arquivo pessoal Uma médica acusada pelo homicídio culposo de um paciente após receber uma superdosagem de medicação em Porto Alegre virou ré e vai responder na Justiça pelo crime. A Justiça do Rio Grande do Sul não informou o nome dela, mas o g1 confirmou que se trata de Erika Bastos Schluter. A vítima é Alexandre Moraes de Lara. A decisão foi confirmada ao g1 na segunda-feira (22). O g1 entrou em contato com o advogado responsável pela defesa da médica em busca de uma posição a respeito da decisão da Justiça mas não havia obtido retorno até a mais recente atualização desta reportagem. Além da médica, se tornaram rés duas auxiliares de enfermagens, que também respondem pelo crime de homicídio culposo. A Justiça não informou os nomes delas. Erika já foi formalmente citada para que responda à Justiça. As outras duas rés ainda não. Quando isso ocorrer, serão marcadas as datas para audiências e para o julgamento. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Alexandre Moraes de Lara morreu em 2025 após três anos em estado vegetativo depois de ter recebido a superdosagem de um medicamento no hospital onde a médica e as auxiliares de enfermagem trabalhavam. Elas foram as responsáveis pelo atendimento, de acordo com a investigação da Polícia Civil. A conclusão foi de que Alexandre sofreu lesão corporal gravíssima após suposto erro médico. O inquérito foi finalizado em 2023 com o indiciamento de Erika, que determinou a aplicação da medicação. O indicado eram 30 miligramas, mas foram dadas 300 miligramas. Relembre o caso abaixo. Lara sofreu uma parada cardiorrespiratória. Conforme a certidão de óbito, a causa da morte foi "intoxicação por medicamento". "A vida que ele tinha não era vida, era sofrimento. Ele estava com muita dificuldade para respirar, mas a causa da morte foi intoxicação por medicamento. Ele não teria falecido se não fosse a intoxicação", contou a esposa dele, Gabrielle Bressiani, na época da morte. Com a morte de de Alexandre, o MP aditou a denúncia contra a equipe médica, e a acusação por lesão corporal gravíssima mudou para uma acusação por homicídio culposo. Gabrielle tem uma filha de 3 anos com Alexandre. Ela estava grávida de três meses quando ele recebeu a superdosagem e ficou em estado vegetativo. Morre homem que ficou em estado vegetativo após receber superdosagem de remédio Como superdosagem de remédio pode levar a estado vegetativo 'A pessoa entra saudável e nunca mais sai', diz tio Relembre o caso Relembre: caso de superdosagem deixou jovem em estado vegetativo em Porto Alegre O suposto erro médico ocorreu em outubro de 2021. Alexandre tinha 28 anos quando deu entrada no hospital para tratar um problema cardíaco. No entanto, em vez de receber dois comprimidos de propafenona, ele recebeu 20 – 10 vezes mais. O medicamento é indicado para controlar batimentos do coração. Gabrielle estava junto de Alexandre quando foi aplicada a superdosagem da medicação. Ela disse ter questionado um técnico de enfermagem, que confirmou a dosagem, indicada pela médica. Pouco depois, Alexandre passou mal. O remédio acabou provocando uma parada cardiorrespiratória. Segundo a família, o médico cardiologista deu a receita correta, e o primeiro erro aconteceu na farmácia do hospital. "A farmácia, na hora de cadastrar o medicamento, cadastrou errado. Ao invés de cadastrar como 30 miligramas, que era o correto, cadastrou como 300 miligramas. Então, ao invés de tomar os dois comprimidos que ele deveria, ele tomou 20 comprimidos", disse Gabrielle. Um prontuário assinado pelo diretor-executivo do hospital apontou o erro da equipe. Segundo o documento, "a medicação dispensada pela farmácia do hospital era divergente da dosagem registrada no sistema e da prescrição médica". Gabrielle recorda que o marido era ativo fisicamente e que gostava de surfar e ir à academia. Indiciamento O indiciamento de Erika Bastos Schluter foi por ação culposa, quando há negligência, imprudência ou imperícia. A médica foi afastada do hospital logo após o caso. "Todas as provas levaram a responsabilização dela porque ela era a médica responsável neste momento. Pela lei, como ela é uma profissional, uma técnica, ela teria teria obrigação de se informar sobre – eu sempre digo que nós não sabemos tudo, mas nós temos que ir atrás para saber daquilo que não entendemos – se ela tinha certeza ou não daquela posologia", disse, na época, a delegada Carla Kuhn. Durante a investigação, a delegada ouviu farmacêuticos, enfermeiros e técnicos que atenderam Alexandre, mas eles não foram responsabilizados. "O enfermeiro, inclusive, que estava de plantão no momento dos fatos, quando buscou na farmácia esse remédio, ele conversou com ela e falou: 'olha, doutora, tem uma quantidade exagerada aqui'. Mas parece que houve uma tentativa de falar com o 'cardio', mas que não obteve êxito. Então, dentro disso, ela determinou que se aplicasse aquela medicação toda no paciente", relata a delegada. Na conclusão do inquérito, a delegada também apontou falhas nos processos administrativos que envolvem o cadastro dos medicamentos na farmácia do hospital. Médica é suspeita de dar superdosagem a paciente que ficou em estado vegetativo no RS VÍDEOS: Tudo sobre o RS .